domingo, 10 de setembro de 2006















Ana Maria Ripper

Elvira Lúcia Moreira de Sá Mariz

"Existe uma coisa difícil de ser ensinada, e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: 
a elegância do comportamento. 
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres, e que abrange bem mais do que dizer um simples “obrigado” diante de uma gentileza. 
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir, e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma, nem fotógrafos por perto. 
É uma elegância desobrigada. 
É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. 
Nas pessoas que escutam mais do que falam. 
E, quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no dia a dia. 
É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas; nas pessoas que evitam assuntos constrangedores, porque não sentem prazer em humilhar os outros. 
É possível detectá-la em pessoas pontuais. 
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece; é quem presenteia fora das datas festivas; é quem cumpre o que promete. 
Oferecer flores é sempre elegante. É elegante não ficar espaçoso demais. É elegante não mudar seu estilo, apenas para se adaptar ao de outro. É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. 
É elegante retribuir carinho e solidariedade. 
Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto. 
A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que “com amigo não tem que ter estas frescuras”. 
Se teus amigos não merecem uma certa cordialidade, teus inimigos é que não irão desfrutá-la. 
Elegância é uma educação que não enferruja por falta de uso. É um detalhe: não é frescura. 
Ser elegante é ser delicado; é ser seguro. 
Ser elegante é ser cavalheiro, ou dama... 
A elegância em um comportamento revela bem o quanto se quer crescer; mais ainda, quando este “crescer” não faz do teu próximo a tua escada..." 
Luís F. Veríssimo

Nenhum comentário: